Um ano Kentenich diferente e inesperado
A certeza e a incerteza caracterizam, ao mesmo tempo, o caminho que agora percorremos com nosso fundador
20 de dezembro de 2020 - Pe. Ludwig Güthlein
Queridos membros e amigos do Movimento de Schoenstatt,
O Advento marca o início do novo ano eclesial. Gostaria de aproveitar esta ocasião para revisar o desafio dos últimos meses. As perguntas sobre o Padre José Kentenich, nosso Fundador, são para nós um profundo ponto de inflexão, que marcará tanto o próximo ano como os que virão.
Mais informação
Desde o mês de julho, publicações com acusações contra o Padre Kentenich têm influenciado a opinião pública. O contexto informativo gerado é completamente insuficiente. Estou feliz que em breve se possa publicar material apropriado que lançará mais luz sobre o contexto dos diversos acontecimentos, de acordo com nosso atual estado de conhecimento. Agradeço a todos que trabalharam e estão trabalhando nisso.
O fato de as acusações contra o Padre Kentenich terem sido apresentadas sob o título emotivo de abuso sexual, desperta no tempo presente uma reação espontânea – e também entre nós –: Quando se afirma algo, certamente há algo mais, e o futuro o confirmará. Isso nos faz ser prudentes. É bom que tenha crescido a sensibilidade por tais temas. No estado atual das investigações, pode-se dizer, com uma estimativa realista, que a acusação principal contra o Padre Kentenich não se justifica. É positivo que a comissão histórica da Diocese de Trier logo se estabeleça e que ela possa começar seu trabalho.
Confiar na própria experiência
Em vista da grande quantidade de material, o esclarecimento e a revisão histórica levarão tempo. Cada imagem interior que hoje temos do Padre Kentenich é um mosaico de muitos aspectos e experiências individuais. Quão determinantes são as peças críticas e contraditórias do mosaico para nossa compreensão sobre sua vida?
A busca atual e o exame minucioso são um grande ganho para todos nós. Quanto maior for a distância histórica do fundador do nosso Movimento, mais completos e diferenciados devem ser os relatos e testemunhos, para se ter uma visão de conjunto sobre sua pessoa.
E, ao mesmo tempo, com toda a recopilação de conhecimentos históricos e relatos transmitidos, surge também a questão sobre a relação pessoal com ele: O que o Padre Kentenich representa para mim? Aqui entramos no âmbito da intuição e da apreciação. Que desperta distanciamento de sua pessoa e que justifica confiança nele e em suas inspirações… Mais conscientemente do que antes, somos desafiados a perceber e levar a sério as nossas próprias reações com respeito ao nosso pai fundador.
Dialogar
As experiências são pessoais. E elas se tornam mais claras por meio da retroalimentação e das reações de outras pessoas. Por isso, precisamos de um diálogo – aberto e com vontade de aprender – entre todas as gerações e comunidades do nosso Movimento. Cada um pode contribuir com suas perguntas, também com suas convicções e perspectivas. Diferentes abordagens se verão em conflito. Espero, portanto, que possamos encontrar e criar muitos desses espaços de conversação. Iniciar um diálogo e sustentá-lo mais tarde pode nem sempre ser fácil. Considero que estamos diante de uma etapa de aprendizado crucial para o futuro de Schoenstatt. Precisamente as irritações são importantes para uma nova decisão e uma maior certeza.
Abertura e confiança
Percorremos este caminho confiantes na Aliança de Amor com Maria. Ela carrega o Menino Deus em seu ventre para dá-lo à luz. Em Maria já é Natal, mesmo que em torno dela ainda seja tempo de espera, tempo de esperança e tempo de saudade. A certeza e a incerteza caracterizam, ao mesmo tempo, o Advento. Ambas também definem o caminho que estamos percorrendo agora com nosso fundador e aquele que devemos modelar.
A confiança na Mãe de Deus já foi demonstrada muitas vezes e em muitas circunstâncias difíceis. A história de nossa família testemunha isso. Acima de tudo, a própria vida do nosso fundador testemunha isso. Quanto mais complicada e ameaçadora se tornava uma situação, mais firme e decisivamente ele vivia da confiança na Aliança de Amor. Ele sempre nos encorajou a viver assim.
A Aliança com Maria é o nosso fundamento, sobre o qual podemos dar todos os passos que Deus nos mostra e pede no próximo ano.
Neste tempo de Advento, desejo a todos uma profunda confiança na Divina Providência.
Com uma cordial saudação,
Padre Ludwig Güthlein