Começou nesta quarta-feira (22) o X Encontro Mundial das Famílias que havia sido postergado por um ano por causa da pandemia de Covid-19, mas “uma oportunidade que a providência nos deu para realizar um encontro diferente, num formato multicêntrico e difuso, como o Papa Francisco recordou e pediu, para que fosse celebrado em todas as dioceses do mundo”, explicou o Pe. Alexandre Awi Mello, secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
“Hoje estamos, não só aqui em Roma, mas no mundo inteiro, abrindo esta grande festa para as famílias: um momento para colocá-las no centro da preocupação e atenção pastoral da Igreja.”
Festival das Famílias
O evento é internacional mas estará dentro da casa das famílias do mundo inteiro, justamente graças ao formato streaming, que acabou sendo aperfeiçoado com as necessidades impostas pelo período de lockdown. Uma modalidade que “dá a possibilidade de participar on-line de todas as atividades que vão sendo realizados aqui em Roma e transmitidas por todo o mundo, começando hoje pelo Festival das Famílias”, acrescenta o brasileiro, que começa às 18h desta quarta-feira (22), hora italiana, 13h no horário de Brasília, com transmissão ao vivo da Rádio Vaticano/Vatican News, com comentários em português.
“Hoje começa, então, com esses testemunhos. É um festival de testemunhos: são 5 casais que vão dar testemunho da sua vida, da sua história, dúvidas, alegrias e dificuldades, diante do Santo Padre. e vamos também deixar que ele nos ilumine com a sua palavra”, contou Pe. Alexandre em entrevista a Silvonei José. Entre eles, o testemunho de uma família ucraniana, especialmente neste tempo de guerra, para fazer “ressoar a voz dessas famílias que estão passando por momentos únicos de tanta dor e dificuldade e queremos ser solidários com eles nesta noite”.
Confira no link, em língua portuguesa, os detalhes da programação do evento que começa nesta quarta-feira (22) e termina no sábado (25), em Roma.
“Estarão presentes 2 mil delegados. Do Brasil, proporcionalmente ao tamanho da conferência episcopal, é um dos países que vai trazer mais representantes: são mais de 30 delegados, entre bispos, sacerdotes e, sobretudo, famílias.”
A família como Igreja doméstica
A pauta do encontro internacional volta a enaltecer a família como “a graça de ser Igreja doméstica”, uma das dimensões que ficou mais clara durante a pandemia, afirma Pe. Alexandre. Apesar, inclusive, de se constatar – infelizmente – experiências opostas com momentos de separação, violência e outras dificuldades vividas dentro do lar durante a pandemia, o secretário reforça a importância do tema e da família que “seja um lugar onde Deus está presente”.
“Um momento justamente para que as famílias possam redescobrir a beleza de ser família e possam se sentir motivados novamente, nesse período de pós-pandemia, a redescobrir o valor e a graça de ser família.”
Outro tema pautado no evento que termina no sábado (25) com a missa na Praça São Pedro, presidida pelo Papa Francisco, é o acompanhamento das famílias a partir, inclusive, dos jovens e das crianças para se descobrir a beleza de ser família e da vocação matrimonial, por exemplo. Uma das indicações é o próprio documento divulgado na semana passada, “o caminho catecumenal para a preparação da vida familiar”. E Pe. Alexandre acrescenta:
“Às vezes quando a gente fala de vocação, pensa diretamente em padre e freira, mas, na verdade, a vocação de formar uma família é um chamado de Deus. Isso a gente espera que desde a catequese, passando depois pela pastoral juvenil até chegar à preparação para o sacramento do matrimônio e o acompanhamento dos primeiros anos da vida familiar, nas suas dores e dificuldades. Sabemos que tantos casais justamente não resistem aos primeiros embates da vida familiar logo nos primeiros anos. Então, o Papa tem insistido muito na importância de acompanhar as famílias e formar formadores e formar acompanhantes para que possam fazer esse trabalho nos primeiros anos da vida família.”
A comunhão do Papa com as famílias no mundo
O X Encontro Mundial das Famílias ainda vai analisar a vida familiar na era digital, inclusive com um casal de brasileiros proveniente de Florianópolis, e também vai explorar temas como a a sinodalidade, a santidade e até a traição, procurando saber “como se deve lidar com o trabalho de acompanhamento dos casais que vivem essa experiência”. Tudo sob os olhos do Papa Francisco, que recebe o evento na sua casa, conta o Pe. Alexandre:
“Tenho certeza que ele vai estar muito feliz de poder celebrar esse encontro com as famílias que estarão aqui em Roma, mas também está muito contente de saber que é pelo mundo inteiro. Realmente este é um encontro mundial! Antes, o máximo que conseguimos reunir, foi na última vez, em Dublin, 35 mil pessoas que não é pouco, mas o restante do mundo praticamente não sabia que estava acontecendo Encontro Mundial das Famílias. Desta vez, nós temos a possibilidade de que em todas as dioceses do mundo algo está sendo feito para que esse encontro seja realmente mundial.”