Falando sobre o seu tempo de estudante, você se recorda de alguma vez ter colado em uma prova? Essa certamente não é uma atitude nobre, mas muitas vezes é a decisão desesperada que leva muitos a serem aprovados. Foi assim que o jovem Fritz Esser “deu seu jeitinho” para passar de ano. Com esse fato começamos a falar sobre a história deste jovem herói que faleceu no dia 18 de janeiro de 1924, há exatos 100 anos. Esser mostra que os erros e os desafios da vida são oportunidades para o heroísmo e para o recomeço. A Aliança de Amor, que conduziu sua vida, é luz também para nós hoje, no caminho de santidade.

Quem é Fritz Esser?

Ele é um dos heróis da primeira geração do Movimento de Schoenstatt. Foi sacristão do Santuário Original e ficou conhecido por criar a moldura luminosa com a frase “Servus Mariae Nunquam Peribit”.

Esser nasceu no dia 20 de novembro de 1900, em Dorn Dürkheim, Rheinhessen. Tinha duas irmãs e um irmão mais velho que se tornou sacerdote. Seu pai faleceu antes de Fritz completar 1 ano e sua mãe provavelmente mantinha um pequeno armazém para o sustento da família.

Por natureza, era um jovem alegre, cativante e simpático, querido por todos. De temperamento sanguíneo, ganhava rapidamente a simpatia, o amor e o apreço dos colegas e dos professores.

“Sou dez vezes mais estúpido do que pareço”

Fritz tinha várias habilidades sociais e pessoais. Seu grande desafio, contudo, era o estudo. Estudava com muito esforço, mas cada prova era sempre um enorme problema. Só com muita ajuda dos colegas, especialmente do amigo José Engling, e a generosidade dos professores, superou as avaliações. Era tão estimado pelos amigos que eles faziam de tudo para não perdê-lo. Um deles deu um “jeitinho” para Fritz “colar” na prova final do primeiro ano. Felizmente, nas avaliações do seminário também se levava em conta a aplicação no estudo, o caráter autêntico, o esforço e a dedicação – e nisso ele era muito bem avaliado!

Foi justamente essa dificuldade com os estudos que aproximou Esser cada vez mais da Mãe de Deus. Pode-se dizer que, nos primeiros anos, quem mais se dedicou e se preocupou de modo singular com o Santuário Original, tornando-o acolhedor e atraente, foi Fritz Esser.

Um discreto, mas significativo, herói

Fritz destacou-se não pelo brilho das suas ideias, da sua inteligência ou de seus grandes feitos, mas pela facilidade com que se entusiasmava por tudo o que é bom. Empenhou-se pelas contribuições ao Capital de Graças e a ideia de transformar a capelinha em um Santuário da MTA.

De maneira singular e mais do que todos os outros, ele fez do Santuário a sua preocupação principal. Ali, por assim dizer, ele “perdeu seu coração”. Durante anos, passava quase todo seu tempo de folga usando as habilidades artísticas para tornar o Santuário belo, atraente e acolhedor. Não só visitava o Santuário para rezar, mas também para conservá-lo limpo, enfeitá-lo com flores e torná-lo o lar espiritual dos congregados.

Ao perceber que as visitas à capelinha estavam diminuindo, Fritz teve uma ideia interessante. Com alguns colegas, furou o telhado do Santuário e colocou ali uma pequena chaminé de lata. Arranjou (não se sabe de onde) uma estufa de carvão para secar e aquecer o Santuário. E assim, não raras vezes, o Santuário era o único local aquecido, enquanto havia neve, gelo e frio em todo lugar. As visitas, obviamente, aumentaram muito!

Um servo de Maria jamais perecerá!

Devido a tudo que a MTA realizou em sua vida e na vida dos congregados, Esser decidiu criar um marco. Assim surgiu a ideia para a moldura de luz “Servus Mariae Nunquam Peribit”. Seu desejo era de que, ao olhar para esse monumento, todos sentissem uma confiança ousada e vitoriosa no poder e no amor da Mãe.

Foto da moldura original, criada por Esser

Entre quedas e recomeços

A vida de Fritz é também marcada por provações e quedas. Ele passou um breve período no serviço militar e, a apesar disso, esse ambiente impactou bastante sua vida religiosa e nobre. Ao voltar das férias, ele estava mudado: apático e bastante distante de seus ideais. Se recusava, inclusive, a cuidar do Santuário. Também esteve desanimado com as atividades da Congregação, em certos momentos, e sem vontade de ajudar.

Contudo, compreendendo os erros e buscando reparação, aos poucos foi abrindo o coração para a MTA educá-lo novamente. Sabendo que precisava de ajuda, Fritz procurava orientação no diretor espiritual, o Pe. José Kentenich, e os conselhos do amigo Engling.

Anos de entrega e de sofrimento

Três anos de doença e sofrimentos marcaram o fim da vida de Fritz Esser. Havia semanas em que não podia sair da cama, devido à fragilidade dos pulmões. Esse foi, ao mesmo tempo, um período de muita atividade apostólica, com escrita de cartas e materiais para a Revista MTA. Seu leito se tornou uma espécie de secretaria para ajudar nas atividades de Schoenstatt.

O fim de sua vida caracterizou-se por um sofrimento vivido com amor e com propósito. Dedicou as dores e todas as suas forças pelo início do Movimento de Schoenstatt. Na última carta enviada ao Pe. Kentenich, Fritz escreve: “Diga a eles que permaneço fiel até a morte!”

Dicas práticas para a vida

Após o falecimento, Fritz Esser foi transferido do primeiro local de sepultamento, Alzey, em Rhine-Hesse, para o Centro de Schoenstatt de Weiskirchen, em 1995. Seu túmulo está agora ao lado do túmulo de Monsenhor Werner Krimm (1928-2000), sacerdote da Diocese de Mainz e membro do Instituto de Schoenstatt, que assegurou que a memória de Fritz Esser permanecesse viva, especialmente a nível diocesano.

Túmulos de Fritz Esser e de Mons. Werner Krimm, junto ao Santuário da Santidade de Todos os Dias, em Weiskirchen (Foto: Anne Etz)

Nesses 100 anos que se passaram, olhamos para a vida de Fritz Esser com gratidão. Sua história deixa alguns traços para nos inspirar. Também Werner Krimm deixou uma interpretação sobre a vida de Fritz Esser para nós hoje: em primeiro lugar, havia sua ligação viva com o Santuário Original em Schoenstatt, pela organização da qual ele era um dos grandes responsáveis, especialmente como sacristão. Ele contribuiu para que os membros da geração fundadora de Schoenstatt gostassem de visitar esse lugar. Fritz Esser foi também um exemplo de como uma pessoa com uma disposição alegre e renana pode se esforçar por uma vida espiritual séria. Ele o fez sob a orientação de seu constante conselheiro espiritual, o Padre Kentenich. Ele também deu a Fritz o seguinte incentivo durante sua grave doença no final de sua vida: “Permaneça o filho despreocupado de nossa Mãe celestial!”

Foto: Ursula Doll