O Papa Francisco saudou esta manhã os participantes do Congresso Internacional de Teologia Moral, organizado no âmbito do Ano “Família Amoris Laetitia”.

A saudação ao Pontífice foi dirigida pelo jesuíta português Padre Nuno da Silva Gonçalves, em nome da Pontifícia Universidade Gregoriana, da qual é reitor, e do Instituto João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, promotores do evento.

O Papa parte da constatação de que a vida familiar hoje está mais provada do que nunca. Além de uma crise cultural profunda, a família enfrenta falta de trabalho, de habitação digna e de paz. Também os jovens se sentem desencorajados a constituir família.

Como as famílias podem testemunhar a Boa Nova?

Todas essas mudanças provocam a Teologia moral, afirmou Francisco, a falar uma linguagem que seja compreensível aos interlocutores e, assim, ajudar a superar as adversidades. A propósito, o Pontífice chamou à atenção a exigência da inter e da trans-disciplinariedade entre a Teologia, as Ciências Humanas e Filosofia. Assim ficará evidente o elo recíproco entre a reflexão eclesiologica e sacramentaria e os ritos litúrgicos, com as práticas pastorais e as grandes questões antropológicas.  Tudo isso para ajudar a responder a seguinte pergunta: como as famílias cristãs podem testemunhar hoje, na alegria e nas dificuldades do amor conjugal, filial e fraterno, a Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo?

Nesse sentido, o método da sinodalidade se torna ainda mais indispensável para que as famílias sejam de fato envolvidas e ouvidas, constituindo um “kairos” para a Teologia Moral. A práxis pastoral não pode ser deduzida de princípios teológicos abstratos, assim como a reflexão teológica não pode se limitar a reiterar a prática.

A moral evangélica não é moralismo nem idealismo. No centro da vida cristã está a graça do Espírito Santo, reiterou por fim o Papa. Assim ajudaremos as famílias a reencontram o sentido do amor. O convite final aos teólogos é que prossigam o trabalho com fidelidade criativa ao Evangelho, sem deixar de lado a experiência concreta vivida pelas famílias.

Voltar atrás não é cristão

A propósito de criatividade, o Pontífice reiterou que esta não está em contraposição com as “raízes”. O que não se pode, afirmou, é “voltar atrás” por falta de genialidade ou de coragem. As raízes firmes permitem dar um passo avante, dali se toma a inspiração para prosseguir. “Voltar atrás não é cristão”, disse Francisco, cirando a Carta aos Hebreus.

“Voltar atrás é voltar para ter uma defesa, uma segurança que evite o risco de ir para frente, o risco cristão de levar a fé, de fazer o caminho com Jesus”, completou o Papa, advertindo para o surgimento de “figuras eclesiásticas” que surgem como “cogumelos” aqui e ali querendo ressuscitar um tomismo decadente. “O verdadeiro tomismo está contido na Amoris laetitia“, concluiu.