Cerca de três meses após a abertura do processo sinodal, o Conselho Ordinário expressou grande satisfação com o progresso do processo a nível local. 98% das Conferências Episcopais e sínodos das Igrejas Orientais de todo o mundo nomearam uma pessoa ou uma equipa inteira para implementar o processo sinodal. A avaliação do Conselho Ordinário tem sido apoiada pelos resultados dos intercâmbios durante quinze reuniões online organizadas pela Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos com os responsáveis do sínodo em todo o mundo.

O processo sinodal a nível global

A Igreja está a caminho! São muitas as dioceses e outras realidades eclesiais que iniciaram o sinodal. Os leigos, organizados ou não, e a vida consagrada em particular, estão a mostrar grande entusiasmo, o que se traduz numa miríade de iniciativas para promover a consulta e o discernimento eclesial. Confirmam-no os numerosos testemunhos que chegam à Secretaria-Geral de todas as partes do mundo, publicados periodicamente no website synodresources.org: além de serem um motivo de esperança, são também um sinal de que o Espírito Santo está em ação.  Aqueles que até agora experimentaram uma experiência sinodal contam ter vivido uma experiência que lhes dá alegria e falam de uma verdadeira transformação na sua pertença à comunidade eclesial.

No geral, é evidente que o momento da abertura, as modalidades de consulta e a participação do Povo de Deus variam de uma região do mundo para a outra. Em particular, o processo sinodal é acolhido com alegria e entusiasmo em vários países de África, América Latina e Ásia. Onde um processo sinodal diocesano ou nacional já estava em curso ou prestes a começar, foi possível harmonizar as duas dinâmicas sinodais. O alargamento da fase de escuta ao Povo de Deus foi particularmente bem apreciado.

Os documentos publicados pela Secretaria-Geral foram bem recebidos e foi feito um esforço louvável para os traduzir a nível local. Em alguns países, a tarefa é complicada pelas distâncias e pela multiplicidade de línguas locais.

A dimensão ecuménica está bastante bem integrada e segue as indicações sugeridas na carta de 29 de outubro. As outras confissões cristãs estão também a demonstrar a nível local um certo entusiasmo e o desejo de contribuir para o caminho percorrido pela Igreja Católica. No que diz respeito à dimensão inter-religiosa, esta impõe-se naturalmente em países onde os cristãos estão em minoria. Também aqui se espera uma contribuição significativa.

Tem sido feito um esforço coerente para promover a comunicação através dos vários meios e plataformas online. Em muitas dioceses e conferências episcopais, foram criados websites e páginas nas redes sociais, com o objetivo de proporcionar e narrar a viagem nas próprias realidade. Por seu lado, a Secretaria-Geral utiliza, para além do site institucional synod.va, outros instrumentos como um boletim informativo semanal, um website para recolher as experiências e recursos produzidos a nível local (synodresources.org) e um website de oração pelo o sínodo (prayforthesynod.va) criado em conjunto com a Rede Mundial de Oração do Papa e a União Internacional de Superiores Gerais.

Sínodo

O desafio

Se o processo sinodal é entendido por muitos dos fiéis como um momento crucial para a Igreja, um processo de aprendizagem, conversão e renovamento da vida eclesial, também surgem algumas dificuldades. Assinalam-se de facto o medo e a reticência entre alguns grupos de fiéis e entre o clero. Existe também uma certa desconfiança entre os leigos que duvidam que o seu contributo venha realmente a ser tido em conta.

A atual situação pandémica constitui também um grande obstáculo, limitando em grande medida os encontros presenciais. A consulta do Povo de Deus não pode ser reduzida a um simples questionário, uma vez que o verdadeiro desafio da sinodalidade é precisamente a escuta mútua e o discernimento comunitário.

O processo sinodal também mostra alguns desafios recorrentes, tais como 1) a necessidade de formação, especialmente na escuta e discernimento, para que o Sínodo seja autenticamente um processo espiritual e não seja reduzido a um debate parlamentar; 2) evitar a autorreferência nas reuniões de grupo porque a escuta mútua, que encontra o seu fundamento na oração e na escuta da Palavra de Deus, só pode levar à abertura aos outros na ótica do anúncio do Evangelho. Uma igreja sinodal é uma igreja missionária onde cada batizado se sente corresponsável pela missão da Igreja; 3) a necessidade de encontrar novas formas de melhorar a participação dos jovens; 4) o envolvimento daqueles que vivem à margem das instituições da Igreja; e, finalmente, 5) a desorientação manifestada por alguns membros do clero.

Embora o processo sinodal seja visto por muitos dos fiéis como um momento crucial para a Igreja, um processo de aprendizagem, conversão e renovação da vida eclesial, também surgem algumas dificuldades. Há medo e relutância entre alguns grupos de fiéis e entre o clero. Existe também uma certa desconfiança entre os leigos, que duvidam que sua contribuição seja realmente levada em conta.

A atual situação pandêmica é também um grande obstáculo, o que limita severamente as reuniões presenciais. A consulta do Povo de Deus não pode ser reduzida a um simples questionário, pois o verdadeiro desafio da sinodalidade é precisamente a escuta mútua e o discernimento comunitário.

Conclusão

Em conclusão, pode dizer-se que a novidade do processo sinodal suscita certamente muita alegria e dinamismo, mas também a um certo número de incertezas que precisam de ser afrontadas. Há uma consciência crescente de que a conversão sinodal a que cada batizado é chamado é um processo longo que levará mais tempo do que o próprio processo. De muitos quadrantes é manifestado o desejo de que o caminho iniciado a nível local prossiga durante todo o processo e para além dele, de modo a que a comunidade eclesial possa cada vez mais tornar tangível a sinodalidade enquanto dimensão constitutiva da Igreja.

Nota para a preparação de relatórios

Em resposta aos numerosos pedidos recebidos pela Secretaria-Geral, está a ser preparada uma Nota para a preparação de “relatórios” pelas dioceses e conferências episcopais. Trata-se de um instrumento ao serviço das várias realidades eclesiais que se empenharão nos próximos meses na elaboração dos resultados do seu discernimento eclesial. A Nota propõe a ideia de que a redação do relatório é em si um ato de discernimento, ou seja, o fruto de um processo espiritual e de trabalho de equipa”.