Se Roma é o centro da Igreja Universal, o Movimento de Schoenstatt não poderia deixar de ter seu espaço ali, não é mesmo? Mas, além da proximidade ao Papa, esse local carrega muitas outras particularidades.

O Santuário Matri Ecclesiae e o Centro de Belmonte marcam um novo tempo para o Movimento. Eles foram um presente de toda a Família de Schoenstatt ao Fundador, Pe. José Kentenich, no final do exílio. Justamente por isso, é considerado um centro “internacional”.

O local está sob responsabilidade do Instituto dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt. Na entrevista, o reitor de Belmonte, Pe. Marcelo Cervi, explica os detalhes:

Pe. Marcelo, o Santuário de Schoenstatt “Matri Ecclesiae” de Roma de Belmonte é considerado um Santuário Internacional em nosso Movimento. Pode nos explicar por quê?

O Movimento de Schoenstatt tem dois Santuários de caráter internacional: o Santuário Original, em Schoenstatt, Alemanha, e o Santuário “Matri Ecclesiae” (Mãe da Igreja), em Roma (conhecido como “Belmonte”). Se o primeiro está relacionado com a origem de Schoenstatt, o último tem a ver com a missão de Schoenstatt em relação à Igreja e com a chamada “visão da Candelária”, pela qual se espera que a Igreja inteira reconheça a importância e o carisma de Schoenstatt, a começar pelo Santo Padre. Enquanto o Santuário Original, em Schoenstatt, na Alemanha, é a origem de Schoenstatt, o Santuário Matri Ecclesiae, em Roma, na Itália, é o seu delta: o lugar onde a torrente de graças de Schoenstatt definitivamente se abre ao mundo a partir do lugar emblemático que é Roma, no qual, como em nenhum outro, faz-se experiência da catolicidade da Igreja.

O Pe. José Kentenich pediu a construção deste Santuário, quando esteve em Roma, logo ao final de exílio e do Concílio Vaticano II? Qual a intenção ao se criar esse Centro Internacional?

Na verdade, o Pe. Kentenich não pediu esse Santuário embora alimentasse, como toda a Família de Schoenstatt, o desejo de ter um Santuário em Roma. Por isso, o Santuário “Matri Ecclesiae” foi oferecido para o Pai Fundador no dia 16 de novembro de 1965, como um presente de aniversário quando ele completava 80 anos. Era uma oferta de toda a Obra de Schoenstatt em nível mundial, representada pelos membros da Presidência Internacional.
Nosso Pai aceitou de bom grado este presente e, então, os membros da Presidência prometeram a ele a construção do Santuário e da Casa de Retiros, tudo formando o Centro Internacional de Schoenstatt em Roma. Apesar de que, por conta de muitas situações adversas, a construção foi sempre postergada, o Presidium Geral manteve ao longo dos anos a consciência de que a promessa feita ao Fundador deveria ser cumprida.

Esse cumprimento se deu, em parte, no dia 8 de setembro de 2004, com a inauguração do Santuário Matri Ecclesiae (da Mãe da Igreja) e, em parte, no dia 16 de novembro de 2017, com a inauguração da “Domus Pater Kentenich”, casa de Retiros e Congressos.

O Centro Internacional de Schoenstatt em Roma deseja ser um ponto de referência de Schoenstatt na Cidade Eterna para todos os peregrinos e turistas: nele, todo schoenstattiano pode encontrar hospedagem num ambiente schoenstattiano e, além disso, pode conhecer o vínculo do Pe. Kentenich com Roma, através de uma série de materiais e objetos que contam sobre as visitas do Pai Fundador à cidade de Roma.

Rom-kuratorium

Qual é a missão do Santuário “Matri Ecclesiae” de Roma de Belmonte? De que forma ela se torna resposta para os desafios da Igreja e do mundo de hoje?

O significado e a importância Santuário, que se ligam à sua missão, é múltiplo.

1. Em primeiro lugar, o Santuário internacional de Roma é importante pelo seu significado de presente ao Fundador como monumento de gratidão pela sua libertação do Exílio e como lugar emblemático do “sim” da Igreja ao Fundador e ao Movimento.

2. Nesse sentido, em Belmonte se guarda a memória viva do IV Marco Histórico do Movimento: a aceitação, da parte da Igreja, do Movimento e da pessoa e carisma do Fundador e a realização do “tudo para Schoenstatt; Schoenstatt para a Igreja e a Igreja para o Deus Trino”

3. Depois, sua importância e missão se ligam ao fato de que o Padre Kentenich visitou três vezes (26/10/1965; 16/11/1965 e 02/02/1966) o terreno onde está o Santuário; trata-se, portanto, de um lugar onde o Pai Fundador esteve fisicamente, um lugar de memória da sua presença e um lugar a partir do qual ele falou da “nova imagem da Igreja”.

O Santuário internacional de Roma (Belmonte) é uma resposta a múltiplos desafios:

a. O primeiro deles, seguramente, se relaciona com o título do Santuário: Matri Ecclesiae. Ainda é preciso continuar a aprofundar a implicância do título de Maria como “Mãe da Igreja” e, ao mesmo tempo, do significado da Igreja como “mãe” de todos os povos;

b. Sua missão se relaciona, além disso, com a “visão de Igreja” do Pe. Kentenich. Nas palestras relacionadas com o Santuário de Roma, o Fundador delineou os traços da “Igreja das novas praias”, com características muito próprias e definidas em conexão com a renovação eclesial pedida pelo Concílio Vaticano II na Lumen Gentium. Uma resposta à atual crise da Igreja.

c. Além disso, o Centro Internacional de Roma deseja ser uma possibilidade para que personalidades da Igreja (hierarquia, Movimentos, Organizações) e do mundo possam entrar em contato com o Movimento, com a pessoa do Pe. Kentenich e conhecê-lo melhor. Com isso, surge uma oportunidade para realizar a “confederação apostólica” a partir da coalizão das diversas Comunidades de Schoenstatt (Institutos, Uniões e Ligas) em vista da missão comum

Como o Santuário Matri Ecclesiae e o Centro Internacional de Schoenstatt de Roma/Belmonte se preparam para o jubileu da Igreja em 2025?

Há, principalmente, duas frentes neste momento.

Em primeiro lugar, a preparação para o Jubileu, que trata milhões de peregrinos a Roma, se relaciona com a Coroação Internacional da Mãe e Rainha no Santuário “Matri Ecclesiae” (pela qual se suplica que o Pe. Kentenich venha libertado do “novo exílio” para o qual foi enviado a partir de certas acusações em 2020 e, por outro lado, que a Domus Pater Kentenich seja definitivamente aberta e o Centro Internacional seja totalmente completado). A coroação, sobre a qual podemos falar melhor num outro momento, será concomitante ao “Jubileu dos Movimentos Eclesiais” no Pentecostes de 2025 (8 de junho).

Depois, é preciso começar a preparação espiritual dos colaboradores do Santuário, que terá como ponto de arranque o Encontro Internacional de Reitores e Operadores de Santuários, marcado para os dias 11-13 de novembro de 2023 no Vaticano, promovido pelo Dicastério para a Evangelização. A partir desse encontro, o Conselho do Santuário deverá planificar, contando com voluntários de todo o mundo, a melhor forma de acolher os peregrinos e, ao mesmo tempo, os funcionários do Centro Internacional deverão tomar ainda mais consciência da sua missão eclesial-evangelizadora.