Como apresentar uma pessoa sobre quem páginas e páginas foram escritas, mas sobre quem se conhece poucos dados? Como falar da figura de alguém que esteve muito próximo de Jesus em sua infância e adolescência, mas de quem, em certo ponto, não se fala dele?
São José é, sem dúvida, um personagem importante na vida de Jesus e da Virgem Maria. O seu papel, ainda que discreto e silencioso, é crucial na História da Salvação. Ele é o grande patriarca do Antigo e do Novo Testamento.
Todo dia 19 de março, a Igreja celebra a Solenidade de São José.
Interessante é o título com o qual a liturgia o recorda: Esposo da Santíssima Virgem Maria, mostrando o seu papel decisivo, pois sendo esposo da Doce Mãe, teve o privilégio de ser pai adotivo de Jesus.
Recordamos que o pai hebreu tinha a obrigação de ensinar a lei e o estilo de vida próprio do povo de Israel; então, é José quem oferece a Jesus a formação como israelita, ensinando-o a observar os mandamentos, lhe dando a conhecer a Lei e as tradições do povo. José, por disposição divina, foi mestre de Jesus! José ensinou Jesus a orar, a amar a Deus Pai, a adorá-lo de todo o coração.
Jesus, Rei de todo o universo, quis ensinar-nos a humildade e a obediência, porque sendo o Soberano de tudo, se fez criança, deixando-se ajudar e guardar por Maria Santíssima e por José. Jesus era Deus, a Sabedoria encarnada, mas escondeu sua divindade e viveu sujeito a seus pais (“Voltou com seus pais para Nazaré e viveu sujeito a eles” disse Lucas 2, 41-52) só por amor a nós, para nos dar um exemplo de filhos.
Além disso, que grande pai ele foi! Jesus chama Deus de Abba (Pai), como as crianças chamavam seu progenitor. Se Jesus chama e nos mostra Deus desta forma, é, sem dúvida, porque José terá sido um grande pai, um reflexo dEle. É José de Nazaré quem oferece ao crente de hoje a beleza da paternidade, apresentando-a como uma oportunidade para colaborar no projeto salvífico de Deus..
Outro detalhe que quero mencionar sobre São José é o adjetivo com o qual São Mateus o qualifica: justo. Esta palavra na mentalidade bíblica é sinônimo de santo. Quer dizer, que o evangelista Mateus nos fala da fama de santidade que José gozava em sua nativa Nazaré. Por outro lado, o mesmo evangelista, ao apresentar a genealogia de Jesus, segue uma estrutura muito particular: ‘X’ foi pai de ‘Y’. Por exemplo: “Abraão foi pai de Isaac; Isaque, pai de Jacó” (Mt 1,2) e assim sucessivamente, até chegar ao momento de apresentar José que não diz: “José foi o pai de Jesus” seguindo a lógica com que havia apresentado aos outros personagens, mas diz que “Jacó foi pai de José, o esposo de Maria, de quem nasceu Jesus” (Mt 1,16).
José é o patriarca justo e obediente, que busca cumprir sempre a vontade de Deus; mesmo ao custo de romper com seus planos e projetos. Ele é o homem que se deixa guiar pelo Senhor, mesmo quando as coisas não estavam totalmente claras. Ele se abre à vontade de Deus e colabora com seu plano de salvação de forma ativa. A figura de São José, no Evangelho, apresenta-se como a de um homem silencioso (não consta nenhuma frase dita por ele), que se deixa guiar pelo que o Deus de Israel, o Deus de seus pais, lhe revela em sonhos.
São José também nos ensina a beleza de buscar e cumprir a vontade de Deus diante de todas as adversidades.
Nem tudo foi cor-de-rosa em sua vida; enfrentou momentos difíceis, por exemplo, quando não conseguiu encontrar um lugar para eles em Belém, quando teve que fugir para o Egito, quando procurou ansiosamente por Jesus no templo. No entanto, ele sempre se permitiu ser guiado por Deus.
São José é o patrono da Igreja, e nos aparece como modelo e protetor. Modelo para imitar em sua obediêncai à vontade de Deus, em seu amor por Jesus e por Maria, bem como em sua humildade e entrega; na sua dedicação e compromisso.
Peçamos a São José, esposo e pai escolhido por Deus para conduzir a Sagrada Família de Nazaré, que proteja nossas famílias.
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