A vida transfigurada e gloriosa passa, antes, pela cruz.

Era mais ou menos isso que Jesus vivia no caminho para a Páscoa. Ele sabia a direção a tomar, conhecia o desejo do Pai. Mas, ao mesmo tempo, compreendia que esse caminho lhe traria dor e sofrimento. A continuação da história todos a conhecem: ele é fiel até o fim. Por sua entrega, conquista a redenção para todos. Ao longo dos anos, esse acontecimento é sempre um convite atual a cada pessoa, para percorrer, com Cristo, o caminho da cruz na vida diária, na vida de Aliança.

O exemplo que vem do Pai

Foi esse também o caminho na vida do Pe. José Kentenich. Era como se ele ouvisse esse “GPS interior” o orientando e soubesse o caminho a tomar. O grande fato que caracteriza sua entrega à vontade do Pai é o dia 20 de janeiro de 1942. Nessa ocasião, com a possibilidade de ser dispensado da prisão no campo de concentração de Dachau, ele decide enfrentar a cruz, pois não queria ser libertado por estratégias humanas. Assim escreve: “Antes de iniciar a sua Paixão, Jesus rezou: ‘Ninguém me tira a vida… eu a dou porque quero’. Eu também faço assim: Ninguém me tira a liberdade, eu a entrego livremente… Entrego-a porque Deus assim o deseja… E meu alimento, minha tarefa predileta é fazer a vontade d’Aquele que me enviou e cumprir a sua Obra”.

Humanamente falando, era muito improvável que ele saísse vivo de Dachau, mas a Mãe e Rainha cuidou perfeitamente de tudo e, ao contrário, foi justamente na prisão que a Obra cresceu ainda mais e se expandiu pelo mundo. Olhando nessa perspectiva, o caminho de cruz alcançou seu propósito fundamental: O resultado de sua decisão e entrega foi a confirmação de que Schoenstatt é uma Obra divina e tem uma grande missão para a Igreja e o mundo.

A aplicação na vida diária

É assim também, vez ou outra, na vida de cada pessoa. “Todo o homem há de carregar uma cruz, seja ela qual for; se fugir de uma, cairá em outra”, escreve o Pe. José Kentenich. Mas, que atitude tomar diante das cruzes que a vida nos impõe?

cruzPe. Kentenich, com seu próprio exemplo, inspira a seguir Jesus até a cruz e deixar-se pregar com ele: “Toda a opinião pública, de um modo geral, tem a mesma posição: tudo, menos a cruz, o sofrimento; fora com toda cruz e sofrimento! Temos que constatar: faz parte da essência da tarefa da vida cristã, numa grande parcela, a cruz e o sofrimento. Cada pessoa e cada família deve tomar sobre seus ombros uma parte muito grande de cruz e sofrimento. Assim se deu com Jesus. Jesus sofreu, sofreu muito. E sabemos que foi pela cruz e sofrimento, especialmente por sua morte, que Ele remiu o mundo”.

A vida de Aliança pede “muitas contribuições ao Capital de Graças” que, a seu modo, são um “deixar-se pregar na cruz com Cristo”. Nos momentos difíceis, a Cruz da Unidade sempre recorda que Maria está junto, segurando o cálice e abraçando aqueles que se colocam com o Senhor no madeiro.

Com coragem e convicção, o Pe. Kentenich nos ensina a sintonizar o “GPS interior” com a voz da Divina Providência. Somente por aí é possível chegar à Pascoa, mesmo que antes haja pedras e tropeços:

Devemos ter a mais viva convicção de que Deus traçou um plano, não só um plano para o mundo, mas também um plano para minha vida pessoal. Quem concebeu esse plano? Não só a sabedoria e a onipotência de Deus, mas também o amor de Deus. […] Então eu sei: nesse plano há este ou aquele sofrimento. Ser filho da Providência significa: ter a certeza de que qualquer acontecimento – alegria, dor, desilusão – é um elemento essencial do plano de sabedoria, onipotência e amor de Deus. O filho da Providência, em todas as situações, se sente como o filho predileto de Deus. Não pensar que Deus esteja dormindo. Antes, é como se Deus e eu estivéssemos sozinhos no mundo, tal o cuidado com que Ele toma em suas mãos os fios de minha existência.

Referências:
Novena: Livre em Algemas
Livro: Cristo minha vida – Textos escolhidos sobre Cristo
Livro: Abrigado em Deus Pai – Textos escolhidos sobre Deus Pai
Livro: Santidade de Todos os Dias – Espiritualidade Laical de Schoenstatt

Fonte: Schoenstatt Brasil