O mistério do 20 de janeiro de 1942

Pe. Nicolás Schwizer

Muitos conhecemos as circunstâncias e os fatos desse dia: O Fundador encontra-se na prisão e é declarado apto para ir ao campo de concentração de Dachau. Mas existe uma possibilidade de ele se salvar, caso peça um novo exame médico. E no dia 20 de janeiro, o Fundador toma a decisão de não aproveitar essa possibilidade e ir livremente a Dachau.

Agora, qual é o mistério desse dia?

Penso que, como na vida de Cristo, é um mistério da cruz, do amor e da ressurreição.

1. Mistério da cruz

A cruz, o grande mistério da vida e morte de Cristo, o é também na vida de seus discípulos, os cristãos. O mesmo também entende o Fundador: ele deve ser agora Pai dos seus até a cruz. Por isso lhes diz, numa de suas cartas escritas na prisão:

“Não pensem que seriam, em primeiro lugar, meus retiros, meus conselhos ou minhas palavras o que mais lhes poderia ajudar agora. O mais fecundo que posso fazer é minha entrega por vocês na cruz”.

Sua tarefa agora não é buscar sua liberdade, livrar-se do campo de concentração. Sua tarefa é imitar a Cristo, o Bom Pastor, em sua paixão: arriscar a própria vida por suas ovelhas e arriscar também a existência de sua Família. Porque naquele momento, a Obra ainda não estava suficientemente formada e desenvolvida para poder existir sem seu Fundador.

A cruz é caminho também para a Família de Schoenstatt

Também a Família de Schoenstatt deve entrar neste mistério da cruz. Por isso, o Padre Kentenich trata de despertar disponibilidade e abertura para a cruz, por meio das cartas e escritos que lhes envia. Toda a Família está chamada a assemelhar-se a Jesus Cristo crucificado.

É o mesmo que aconteceu nos tempos do Senhor: a cruz separa os verdadeiros e falsos discípulos.

Também em Schoenstatt prova-se a verdadeira fidelidade de seus seguidores: estão os que pertencem apenas exteriormente à Família, os que compartilham suas ideias, sua espiritualidade, sua pedagogia. E estão os que formam parte de Schoenstatt interiormente: os que estão dispostos a arriscar-se pelo Fundador e seu destino, a segui-lo pelo mesmo caminho da cruz.

2. Mistério de amor

Na vida de Cristo, Ele não buscava a cruz e a morte. Queria amar e obedecer. Apenas aceitava as coisas como vinham. E quando o exigia, dava a vida livremente, num gesto de amor infinito.

Do mesmo modo, o Pai e Fundador toma a decisão do “20 de janeiro” por amor e confiança em Deus. Deixa para trás a segurança humana, para entregar-se totalmente nas mãos de Deus. Apenas quer aceitar e cumprir o desejo e a vontade de Deus. O importante para ele não é a cruz como tal, mas a vontade do Pai. Comenta o mesmo Fundador:

“A fecundidade alcançada não foi consequência de um heroísmo humano, mas consequência do cumprimento da condição pedida por Deus, de haver encontrado o que Deus exigia”.

3. Mistério da ressurreição

O que consola a um cristão, o que lhe dá ânimo, esperança e confiança é o fato de que a cruz nunca é a última etapa: toda tristeza se converte em alegria, todo fracasso em vitória, toda paixão e cruz em ressurreição. Assim foi não só na vida de Cristo, como também na vida do Padre Kentenich e da Família de Schoenstatt. A decisão de 20 de janeiro propicia uma fecundidade imensa.

Perguntas para a reflexão:

1. Olhando hoje, o que eu penso sobre aquela decisão do Pai e Fundador?
2. Qual é minha contribuição para levar adiante a missão do Pe. Kentenich?
3. A que vício ou comodidade eu poderia renunciar como parte da cruz em minha vida?

Se deseja comentar o texto ou dar seu testemunho, escreva para: pn.reflexiones@gmail.com

Imagem em destaque: Terence Burke, via unsplash.com

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