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Redes sociais na vida de aliança: boas ou más para mim?

Pe. Carlos Padilla

Não tenho muita certeza se uso bem as redes sociais ou não. Já não sei se me fazem bem ou se me escravizam. Eu li em um artigo:

“A tecnologia tem o poder de iniciar, construir e manter uma relação, mas também de prejudicá-la. Depende do uso que damos a essa ferramenta. E aqui, parafraseando o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, talvez valha a pena lembrar que o essencial é invisível para as redes sociais”. [1]

É verdade, o essencial é invisível nas redes sociais. O essencial acontece no coração de cada pessoa e não é possível vê-lo, não pode ser julgado de fora nem interpretado. Minha verdade habita no secreto do coração. Talvez por isso não seja tão necessário eu postar tudo nas minhas redes sociais, me expor de maneira totalmente aberta.

Não preciso perder horas vendo o que os outros postam nas redes sem focar no que realmente quero fazer. Quanto tempo perco inutilmente! Não preciso ter muitos seguidores e não quero ser afetado pelo que pensam de mim, pelo que comentam, pelo que escrevem.

Há muitos haters por aí que não me fazem nenhum bem com seus comentários. Mas sou eu quem dá poder sobre meu humor aos outros.

Não preciso da aprovação de milhares para ser feliz. Não preciso do apoio incondicional de centenas de desconhecidos que me seguem entre tantos e que não são realmente importantes na minha vida.

Para que eu realmente uso as redes sociais?

Esta pergunta surge em meu coração. O que procuro por trás daquilo que publico? Todos os dias me olho no espelho e me pergunto sobre minhas verdadeiras intenções.

Sou capaz de me desconectar, de viver sem redes, de desaparecer por tempo indeterminado? Então eu vejo o apego que tenho em viver exposto.

É como se aquilo que não foi registrado nas redes não tivesse acontecido. Que imagem da minha vida quero transmitir a quem me segue? Quais fotos eu posto? O que espero que digam, sintam quando olham para a minha vida, a vida da minha família e amigos?

Talvez eu tenha perdido meu pudor e não me importe com o que eles sentem ou dizem. Ou talvez eu seja escravo das reações de muitos que não conheço nem amo.

As redes sociais são uma ótima ferramenta para a vida. Graças a eles consigo estar mais perto de pessoas que estão longe. Sei como estão, o que fazem, o que vivem.

Mas, às vezes, sinto que há um efeito contrário com os que estão mais próximo. Posso ficar distraído em meu celular me comunicando com pessoas que estão distantes, enquanto ignoro e não escuto as que estão sentadas ao meu lado.

Quantas vezes os relacionamentos mais íntimos sofrem com a escravidão que pode causar meu vício nas redes sociais!

Além disso, os links criados nas redes não são muito profundos. São flexíveis e podem ser muito frouxos. Li outro dia:

“As redes sociais representam uma estrutura que conecta e desconecta ao mesmo tempo; ou seja, existe a mesma possibilidade de estar disponível ou não como uma escolha legítima (Vespucci, 2006). Portanto, o comprometimento é algo fluido e frouxo que pode deixar de ser consistente a qualquer momento, já que você tem a legítima opção de escolher se deseja estar conectado ou não.” [2]

Posso estar ou não estar. Conectar-me ou desaparecer. E os meus vínculos se tornam mais frágeis:

“Na sociedade pós-moderna, os jovens falam de ‘conexões’ em vez de ‘relações’, falam mais sobre ‘redes’ do que de ‘casais’.

Isso acontece porque as redes sociais implicam uma falta de compromisso, pois conectam as pessoas tão facilmente que também é fácil desconectar-se, em contraste com o compromisso mútuo que implicam as relações cara a cara.”

São vínculos muito fracos que podem ser rompidos com facilidade. Há menos comprometimento, menos carga emocional. Tudo começa muito rápido e de forma intensa. Mas, da mesma forma, pode desaparecer.

Autenticidade

Acredito no poder das redes sociais. Posso aprender muito e de uma forma muito fácil e confortável. Posso estar em contato com muitas pessoas que moram longe. Posso compartilhar minha vida com as pessoas que amo e que estão longe. Tudo isso é um bem imenso, um presente.

Não volto ao passado, não fujo da realidade que vivo. Mas quero fazer bem, com liberdade, com compromisso.

Quero ser verdadeiro e autêntico em tudo aquilo que publico. Quero construir relacionamentos saudáveis através das redes.

Não quero descuidar daqueles que estão mais próximos, com quem partilho o meu dia, com quem fico cara a cara.

Não quero perder meu tempo rodando constantemente as imagens na tela. Não quero me preencher com o que não preenche meu coração, apenas meus sentidos. Não quero desperdiçar minha vida com coisas superficiais que não me formam, não dão sentido à minha vida.

As redes sociais não são boas nem ruins. Como a maioria dos avanços da humanidade, tudo depende do uso pessoal que lhes dou.

Quero que me ajudem a crescer em meus relacionamentos pessoais. Quero refletir sobre o papel que eles desempenham em minha vida. Que tudo o que eu publico fale da minha verdade, da minha vida como ela é.

Quero dizer sim a esta forma de viver conectado, mas sem nunca me desconectar de quem está ao meu lado.

Fonte: es.aleteia.org

Tradução: Audrey Markutis

[1] Arola Poch, Entre ‘Likes’ e insegurança: como as redes sociais afetam os relacionamentos

[2] Problemas de relacionamento causados pelas redes sociais em estudantes universitários da Cidade do México. Cristina Lozano Marroquín, Sofía Antón Espinosa, Valentina Escamilla Mora e Miriam Wendolyn Barajas Márquez

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