No dia 15 de fevereiro de 2025, na paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Ponte a Egola, uma pequena cidade da província de Pisa (Toscana), na Itália, foi realizado o primeiro encontro do “Café para Casais”, que é um caminho de crescimento espiritual inspirado na pedagogia de Schoenstatt. Oito casais, com idade a partir de 20 anos, participaram, com o acompanhamento do Pe. Pablo Pérez, diretor do Movimento de Schoenstatt na Itália, e com a presença do pároco, Pe. José Maria de Oliveira.
O “Café para Casais” é um projeto de alguns membros da União de Famílias de Schoenstatt de Roma e consiste em uma experiência de cinco encontros, de aproximadamente uma ou duas horas, nos quais são abordados os temas cujas iniciais formam a palavra “Café” (caffè, em italiano): Compartilhar, Aliança, Fidelidade, Fecundidade e Educação (autoeducação).

Momento de diálogo
O encontro começou com uma breve apresentação dos participantes, a apresentação do tema do dia e a proposta de uma ou duas perguntas sobre as quais cada casal deveria dialogar, seguida de uma fase final de troca de impressões e reflexões sobre o tema (o diálogo entre esposos permanece privado). Durante esse momento de diálogo, os organizadores ofereceram refrescos (café, bebidas, doces etc.) nas mesas individuais de cada dupla, com música romântica tocando ao fundo, uma vela acesa sobre a mesa decorada com uma toalha de mesa e outros enfeites.
O objetivo do Café para Casais é criar condições para um diálogo efetivo que represente um primeiro momento de manutenção e fortalecimento do relacionamento (como autoeducação). O objetivo é que o casal lide periodicamente com as mudanças em suas vidas e na família (como escolha ou mudança de casa, filhos crescendo, mudança de local de trabalho etc.). Nessas situações, a conexão entre ambos pode ser fortalecida ao enfrentar as dificuldades e novidades juntos, mas também podem surgir fraturas no relacionamento, que dão origem a rivalidades e/ou tensões onde antes havia união e compreensão. Portanto, o casal deve revisar seu relacionamento periodicamente, assim como levamos o carro ao mecânico para revisões regulares.

Formar grupos da Liga
O Café para Casais também busca familiarizar os participantes com a espiritualidade do Movimento de Schoenstatt, que tem uma vocação específica na Pastoral Familiar (no sentido estrito, não apenas da família como um todo). Trata-se de uma proposta de crescimento espiritual e relacional para casais, apresentada de forma leve e atraente, que lhes permite vivenciar momentos de diálogo que, na vida cotidiana, muitas vezes são difíceis de encontrar. Esse caminho a dois é original dentro da oferta pastoral da Igreja Católica e também foi concebido para oferecer um caminho de Aliança de Casais, que permite aos participantes formar grupos para encontros periódicos (a Liga de Famílias) ao final do processo.
A importância de compartilhar
O tema do primeiro encontro do Café para Casais é “Compartilhar”.
O relacionamento entre os dois é definido como uma amizade profunda [1] ou, melhor ainda, como uma aliança baseada na aceitação das diferenças e limitações de cada um, bem como no reconhecimento das qualidades do outro. [2]
Os conceitos de amizade e aliança, conforme aplicados ao relacionamento conjugal, estão presentes há muito tempo nas orientações pastorais da Igreja Católica. Em particular, a Gaudium et Spes ressalta que “a comunidade íntima da vida e do amor conjugal, fundada pelo Criador e dotada de suas próprias leis, é estabelecida pela aliança dos cônjuges”. [3]
A experiência da aliança no casal precisa crescer e amadurecer em relação às dimensões fundamentais da vida em comum (administração do dinheiro, relações com a família de origem, administração do tempo livre, vida sexual, etc.).

Assim, a experiência de compartilhar em um casal pode ser entendida de diferentes perspectivas:
– Também se refere à comunicação e/ou à escuta dos próprios sentimentos ou dos sentimentos do parceiro, que representam uma parte essencial da pessoa.
– Como diálogo e confronto sobre suas próprias experiências e necessidades como indivíduo e como casal. O oposto disso seria o silêncio, que ocorre quando os cônjuges não mais dialogam ou discutem, mas vivem longos períodos sem se comunicar um com o outro.
Isso também inclui atividades compartilhadas (administração da casa e da família, tempo de lazer, conta bancária, etc.). Não se trata apenas das necessidades básicas, mas especialmente daquelas que dizem respeito à vida em casal: a necessidade de ser amado, aceito, ouvido e de pertencer, mas também a necessidade de realização pessoal, de relações sociais e de ser você mesmo. O oposto disso seria a chamada “vida paralela”, em que os cônjuges têm esferas de gratificação separadas, com amizades diferentes, atividades de lazer diferentes e férias separadas.
– Eles também podem decidir e realizar projetos de curto e longo prazo juntos, como plano para as férias, comprar um carro, criar filhos, comprar uma casa, mudar de emprego, etc.
– Como uma experiência espiritual comum, que envolve a participação conjunta em caminhos de crescimento espiritual e/ou cultural.
“É preciso tempo para dialogar, para se abraçar sem pressa, para compartilhar projetos, para se ouvir, para se olhar, para se apreciar, para fortalecer o relacionamento.” [4]
Tradução: Karen Bueno
[1] L. Baldascini – M.S. Mastrangelo, La creatività nella teoria e nella terapia di coppia, Milano, Franco Angeli srl, 2022, p. 118: “Uma boa amizade é a base dos casais que resistem ao teste do tempo, pois cada um sabe que pode contar com o outro, como se sempre tivesse um bom amigo ao seu lado. E para serem bons aliados, não é necessário serem iguais; pelo contrário, a aliança é mais forte quando dois parceiros diferentes conseguem se complementar”.
[2] Julie Schwartz Gottman – John M. Gottman, Dieci principi per una terapia di coppia efficace, Milano, Raffaello Cortina Editore, 2017, p. XV, “Pensando na amizade, é possível notar como as amizades mais próximas exigem o reconhecimento das diferenças e a promoção de uma comunicação atenta e respeitosa. Cada pessoa é única e cada uma pode se relacionar com a outra sem perder sua identidade. … O fortalecimento da amizade e da intimidade promove fortemente a integração em nossos relacionamentos. Veja também John Gottman, Emotional Intelligence for Couples (Inteligência emocional para casais), Milão, Bur, 1999, p. 28.
[3] Paulo VI, Gaudium et spes, Roma, São Pedro, 7.12.1965, parágrafo 48.
[4] Papa Francisco, Amoris laetitia, Roma, São Pedro, 19.3.2016, parágrafo 224.