Como o Sínodo se reflete em nossa vida de Aliança?

Dra. Geni Maria Hoss

Hoje a Família internacional de Schoenstatt e amigos do Santuário se unem junto ao Santuário Original para celebrar o Dia da Aliança. O mesmo acontece em cada manancial de graças e bênçãos que jorra nos Santuários locais mundo afora.

Lembramos neste mês particularmente o dom da vida do Pe. José Kentenich, nascido a 16 de novembro de 1885. Com gratidão e esperança louvamos a Deus pelo grande legado espiritual e pedagógico que ele nos deixou. Hoje enfatizamos uma de suas principais lições de vida, cravada em seu sarcófago, em Schoenstatt. “Dilexit Ecclesiam – ele amou a Igreja!” É por isso que olhamos com carinho para a Igreja que ele nos ensinou a amar pelo seu testemunho de vida. Em tempos em que a Igreja uma vez mais mergulha em sua essência e missão, nós renovamos nosso compromisso como discípulos missionários, no espírito de Schoenstatt.

Sinodalidade: Amar a Igreja hoje

No mês de outubro acompanhamos um grande momento da Igreja: O Sínodo dos Bispos, com participação significativa de clérigos, religiosos e leigos. O tema principal foi a sinodalidade, que se caracteriza pela escuta no Espírito e o caminhar juntos da Igreja peregrina. De certa forma, todos os cristãos puderam participar deste processo uma vez que foi um Sínodo que, antes de sua realização no Vaticano, ofereceu espaços para participação ampla de toda a Igreja. Durante sua realização também se fez presente em diversas mídias.

Agora chegou a vez de colocar suas conclusões em prática! Somos enviados como discípulos missionários para ajudar na renovação do mundo, ou seja, para transformar as realidades humanas em todas as dimensões da vida. Aqui tocamos a vocação essencial de Schoenstatt: a vocação para o apostolado. O sentido último do sistema pedagógico de Schoenstatt é a capacitação para o apostolado. Se queremos ser testemunhas de Cristo, precisamos nos preparar para esta missão.

O que o Pe. Kentenich nos fala?

O documento final da segunda sessão do Sínodo fala da conversão necessária em diferentes âmbitos da Igreja: conversão de relacionamentos, conversão de processos, conversão de vínculos… Sim, trata-se da conversão, transformação de processos, mas também de profunda transformação interior, seja ela pessoal, seja ela de uma comunidade inteira. Somente assim podemos ser missionários.

Também hoje vale o que o Pai e Fundador de Schoenstatt falou após o Concílio Vaticano II: “Na verdade, todo o período conciliar e pós-conciliar deve ser uma renovação constante e eficaz da situação de Pentecostes, da situação do Cenáculo, do espírito do Cenáculo e do fruto do Cenáculo” [1]. Precisamos do Espírito Santo para o discernimento necessário para iluminar as realidades humanas com a luz do Evangelho. O Papa Francisco diz: “O Espírito Santo (é) um guia seguro, e nossa primeira tarefa é reconhecer sua voz, pois ele fala em todas as pessoas e em todas as coisas”. [2]

Começa um caminho de conversão

A conversão desejada pelo Papa para toda a Igreja, como também nos ensina o Padre José Kentenich, é uma conversão orgânica, profunda e permanente. A conversão não é um espetáculo, um fogo que hoje abrasa e amanhã apaga. Quantos começaram sua vida na Igreja com muito entusiasmo e, após algum tempo, desapareceram. A autêntica conversão, a transformação interior permanente e eficaz, só pode acontecer sob a ação do Espírito Santo.

Neste sentido, diz o Pe. Kentenich: “Se o espírito do Cenáculo não encher a Igreja… E que tipo de espírito seria esse? É o espírito que o Deus vivo nos concedeu generosamente nos últimos anos. Que espírito é esse? É o espírito da perfeita transformação do ser humano e da sociedade.” [3]

Esta é também a proposta da Igreja sinodal, que quer ser presença transformadora efetiva na sociedade. Ela é constituída por cristãos que reconhecem suas fragilidades e sabem quão numerosos são os desafios da caminhada. A Igreja é santa e pecadora! Daí a importância do permanente discernimento e, consequentemente, das novas decisões necessárias para orientar o rumo a seguir por todo tempo e lugar.

“Caminhar juntos – todos, todos, todos – é um processo no qual a Igreja, dócil à ação do Espírito Santo e sensível para captar os sinais dos tempos, (Gaudium et Spes, 4), se renova continuamente e aperfeiçoa a sua sacramentalidade, para ser testemunha crível da missão a que é chamada” [4]


Estamos aprendendo juntos

Em sua saudação final do Sínodo, o Papa Francisco reconhece a necessidade do aprendizado permanente de todos para que efetivamente haja conversão e se possa edificar a Igreja sinodal. Ele disse:

“Escutar, convocar, discernir, decidir e avaliar. E, nesses passos, são necessárias as pausas, os silêncios e a oração. É um estilo que estamos a aprender juntos, um pouco de cada vez. O Espírito Santo chama-nos e sustenta-nos nesta aprendizagem, que devemos compreender como um processo de conversão.” [5]


“Eis-me aqui, envia-me” (Is 6, 8). Somos enviados, porque aspiramos à santidade, não porque somos santos. Estamos sempre em processo de transformação interior. A partir do Santuário da Mãe e Rainha, nossa fonte de forças e lugar da aliança, queremos partir como discípulos missionários para anunciar a Boa Nova, cultivar a cultura da aliança e implorar um novo Pentecostes para os novos tempos da Igreja.

[1] Kentenich, José. Dedicação do Santuário Cenáculo, 14/05/1967. União Feminina: Arquivo Digital.
[2] Papa Francisco. Abertura da 2ª sessão do Sínodo em 2 de outubro de 2024.
[3] Kentenich, José. Palestra 1966. In: Propheta locutus est. Palestras e discursos do Pe. J. Kentenich dos últimos três anos de sua vida. Volume XIII: 1966, Berg Sion, 1998, p. 5-32.
[4] Papa Francisco. Discurso 02. out. 2024. In: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2024/october/documents/20241002-sinodo-vescovi.html
[5] Papa Francisco. Saudação final, 26. out. 2024. In: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2024/october/documents/20241026-sinodo-vescovi.html Acesso: 30 out. 2024

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