Há mais de dois mil anos, a Mãe de Deus aguardava a vinda de nosso Senhor com grande amor e saudade. Ela concentrou totalmente as forças de sua mente e de seu coração naquele “que estava por vir”. O Pai eterno a agraciou e a encheu de dons para que ela pudesse se tornar a Mãe de seu Filho. Ela foi completamente consagrada a Deus como uma criança pura, totalmente entregue a Ele desde o primeiro momento de sua vida.
Que dom e graça Maria recebeu!? No momento em que sua vida começou, ela foi envolvida pelo divino, uma pequena semente que cresceria para carregar a Vida do Mundo. Que mistério contemplamos!? A mãe que foi salva por seu filho antes mesmo de nascer. Que alegria emanava dela quando criança, porque estava cheia da fonte da verdadeira alegria, o seu próprio Deus!? Diz a lenda que, quando foi levada ao templo ainda menina, dançou de alegria por poder estar tão perto daquele que tinha conquistado o seu coração. Ao contrário de nós, ela podia estar constantemente na presença de Deus, pois carregava a sua vida na sua alma, pura e intocada.
Maria deve ter sentido que era diferente das outras jovens, que, de alguma forma, era chamada e escolhida para algo que ela não sabia do que se tratava. Ela permaneceu alerta e pronta para o momento em que Deus lhe revelaria como ela poderia servir ao Messias que estava por vir. Seu desejo de se entregar ao plano divino crescia cada vez mais forte.

Então, um anjo apareceu. Gabriel saudou Maria como “cheia de graça” e “bem aventurada”. Na arte, o anjo é frequentemente retratado ajoelhado diante da toda-santa – um anjo prestando homenagem a um ser humano, invertendo a ordem da criação. Esta serva do Senhor era, ao mesmo tempo, a Rainha de toda a Criação. Quando confrontada com sua missão salvífica, ela deu seu “sim” livre ao pedido de se tornar a Mãe de Deus, o que foi possível porque ela era a imaculada, o único ser humano que nunca se desviou dos caminhos de Deus.
Maria: modelo de pureza para nosso tempo
Não tivemos o privilégio de nascer “imaculados”, como Maria, mas buscamos nos assemelhar a ela. O caminho para a pureza começa na busca por uma relação sincera com Deus: rezar com simplicidade, pedir luz para reconhecer o que precisa ser purificado e entregar, com confiança, tudo o que pesa, confunde ou desvia. A pureza nasce quando deixamos que Deus limpe nossos medos, cure nossas feridas e ordene nossos afetos.
A pureza cresce a partir das escolhas cotidianas. Assim como Maria cultivou um coração vigilante e atento, cada pessoa pode aprender a selecionar o que alimenta a mente e o coração: gestos de bondade, palavras verdadeiras, relacionamentos saudáveis, atitudes de humildade. A pureza não é perfeição intocável, mas um caminho de coerência e paz interior.
Ao olhar para a Imaculada, reconhecemos que a esperança cristã não é uma ideia abstrata, mas uma presença viva que nos acompanha. Maria caminha conosco, conduzindo-nos sempre mais para Cristo e mostrando que a santidade é um caminho real, acessível e cotidiano. Sua pureza, longe de nos afastar, nos atrai: ela desperta em nós o desejo de recomeçar, de confiar de novo, de deixar Deus fazer novas todas as coisas. Por isso, celebrar a Imaculada é renovar a certeza de que não caminhamos sozinhos — Deus age na história, e Maria é seu sinal mais luminoso desse amor que nunca desiste de nós.
Rezemos juntos
Ave Maria, Imaculada, vós sois a obra-prima da Trindade Divina, o fruto mais belo da redenção. Fostes escolhida e separada do resto da humanidade para te tornares a Mãe imaculada de nosso Senhor e Salvador, a luz da nossa esperança. Deus Pai abençoou-te com a plenitude de toda a beleza criada e escolheu-te para ser sua filha. Ao Verbo encarnado, foi-te permitido ser mãe e companheira na sua obra. Como vaso do Espírito Santo, a tua alma irradiava o divino, transformando o mundo à tua volta. Sê a nossa luz. Sê a nossa esperança.