Ecce Mater tua!

P. Alexandre Awi de Melo

Na segunda-feira depois da Solenidade de Pentecostes, a Igreja celebra a memória da “Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja”, instituída pelo Papa Francisco em fevereiro de 2018.

 

Muitos católicos ainda não sabem que, todos os anos, na segunda-feira depois da Solenidade de Pentecostes, a Igreja celebra a memória da “Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja”. O principal motivo deste desconhecimento é, provavelmente, porque se trata de uma celebração litúrgica ainda muito recente, instituída pelo Papa Francisco em fevereiro de 2018.

 

Por isso vale a pena tomar consciência do valor desta celebração para vivê-la com maior consciência e profundidade. De fato, o decreto “Ecclesia Mater” (11/02/2018) diz que a motivação da instituição desta memória é favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja e da genuína piedade mariana. Uma motivação muito significativa para o Movimento de Schoenstatt e que reforça a nossa missão mariana.

 

 

Se, por um lado, a celebração é recente, por outro, o título “Mãe da Igreja” e a teologia que está por trás dele têm raízes antigas e profundas. Começando pela raiz bíblica: ao pé da cruz Maria aceitou a missão que Jesus lhe confiou, acolhendo com amor toda a humanidade representada no discípulo amado (cf. Jo 19, 25-27).

 

Ali Maria se tornou Mãe da Igreja, que Cristo gerou na cruz ao entregar Seu Espírito. No Cenáculo, com a mãe Maria e entorno a ela, os apóstolos se reúnem para implorar e esperar a vinda do Espírito Santo (cf. At 1,13-14; 2,1-4). Pode-se dizer que a Igreja nasce em Pentecostes e Maria cumpre ali, desde o início, sua missão de mãe da Igreja nascente.

 

Santo Agostinho ensina que Maria é a mãe dos membros de Cristo porque cooperou, com o seu amor, ao renascimento dos fiéis na Igreja. E São Leão Magno, usando a imagem paulina da cabeça e do corpo (cf. Col 1,17-18; Ef 5,23), recorda que o nascimento de Cristo Cabeça da Igreja, no seio de Maria, coincide com o nascimento do Corpo, que é a Igreja. Portanto, Maria, mãe de Jesus é, ao mesmo tempo, mãe dos membros do seu corpo, isto é, da Igreja.

O decreto “Ecclesia Mater” recorda que: “Ao longo dos séculos, por este modo de sentir, a piedade cristã honrou Maria com os títulos, de certo modo equivalentes, de Mãe dos discípulos, dos fiéis, dos crentes, de todos aqueles que renascem em Cristo e, também, ‘Mãe da Igreja’, como aparece nos textos dos autores espirituais assim como nos do magistério de Bento XIV e Leão XIII.”

 

Foi sobre este fundamento que São Paulo VI, no encerramento da terceira sessão do Concílio Vaticano II (21/11/1964) surpreendeu a todos declarando Maria com esse título, que alguns Padres conciliares não se atreviam a proclamar: “Mãe da Igreja, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima” e estabeleceu que “com este título suavíssimo seja a Mãe de Deus doravante honrada e invocada por todo o povo cristão”.

 

O Pe. José Kentenich reconheceu neste ato de Paulo VI um significado profundo e, na audiência que teve com ele ao final do seu exílio (22/12/1965), prometeu que ele e a Família de Schoenstatt se comprometeriam pela realização da missão pós-conciliar da Igreja “sob a proteção de Maria, Mãe da Igreja”. Como sinal deste compromisso presenteou-lhe um cálice para a igreja dedicada a “Maria Mãe da Igreja”, cuja pedra fundamental o Papa tinha abençoado uns dias antes (8/12/1965), ao final do Concílio.

 

 

Neste espírito, queira a celebração desta memória de “Maria Mãe da Igreja” adquire um significado particular para nós schoenstattianos que herdamos do nosso Pai e Fundador o “dilexit Mariam” (amou Maria) e o “dilexit ecclesiam” (amou a Igreja). “Sob a proteção de Maria, Mãe da Igreja” imploremos o Espírito Santo a fim de realizar hoje nossa peculiar missão mariana, sendo neste mundo “hospital de campanha”, afetado pela pandemia e por tantos outros males, uma presença mariana e materna.

Sejamos instrumentos de Maria, Mãe da Igreja e da humanidade, para acolher, amar e educar, com misericórdia e ternura, os homens e mulheres do nosso tempo, a fim de que Cristo nasça novamente hoje nas suas vidas e nos seus corações.

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