Quando falamos sobre o Diácono João Luiz Pozzobon e sua santidade, corremos o risco de pensar que sua vida familiar era moldada por situações muito diferentes das nossas hoje, que ele não enfrentava os mesmos desafios que nós enfrentamos. No entanto, sua família, assim como a nossa, passou por dificuldades e lutas. Não era fácil ser esposo, pai, profissional e dedicar-se tantas horas à Campanha da Mãe Peregrina. Mas, a Aliança de Amor e as graças do Santuário sempre o fortaleceram. Nair Pozzobon, sua filha mais velha do casamento com a Sra. Vitória, abre um pouco a cortina de sua vida familiar. Ela começa contando-nos sobre a sua mãe. Afinal, Vitória tem uma personalidade discreta, mas fundamental na vida de João Luiz Pozzobon.

Sra. Vitória Pozzobon uma autêntica camponesa

Nair diz que sua mãe era uma autêntica camponesa. Quando se casou com João Luiz Pozzobon, Vitória não sabia ler e escrever, era muito tímida. Aprendeu muitas coisas com seu esposo, foi alfabetizada por ele (que também estudou pouco) e o ajudava com alegria no armazém, sem deixar as tarefas de casa. Com isso, foi vencendo um pouco a timidez.
João costumava levar uma xícara de café na cama, todos os dias bem cedo, para sua esposa. Ela o esperava a noite com um escalda-pés preparado para aliviar as dores da caminhada.
Assumia, ao lado do esposo, a educação dos sete filhos: “Uma ótima mãe! Boa educadora, educava igual ao pai. Dela eu ganhava uns ‘tapinhas’ de vez em quando. Nós fomos educados pela mãe e pelo pai. A minha mãe era muito boa”, diz Nair. Quando chegava visita “ela não sabia o que fazer pra agradar”. Nair se lembra: “Nunca vimos o pai e a mãe brigar. A mãe era uma pessoa simples e nos dizia que não tinha uma ‘ponta de unha’ de briga com o pai.” Segundo Nair, Vitória não participava assiduamente do Movimento de Schoenstatt, como o esposo, mas, “quando tinha as coisas principais, ela acompanhava também e nós íamos junto com ela”, completa a filha. Lembra que quando o pároco ia celebrar missa na comunidade em que moravam, a mãe se encarregava de preparar um bom café para ele, em sua casa.

Uma família religiosa

Religião e vida cotidiana eram uma coisa só nessa família. Todos aprenderam desde cedo a reza diária do terço e a oração da manhã. O exemplo dos pais arrastava os filhos, que iam juntos para a paróquia. “A gente sempre ia, não era assim que ia empurrado. Nossos pais souberam nos educar. A gente não dizia não. Todos iam, ninguém deixava de ir”, explica Nair.
Pozzobon chamava seus filhos de “sete graças” e demonstrava o amor por eles no cuidado, nas brincadeiras e no carinho.
No período de dificuldades com os sacerdotes, por causa do exílio do Pe. José Kentenich e os decretos de proibições nas dioceses, essa família singela passou muitas dificuldades. Recorda Nair: “Um dia, um padre bateu na mesa lá em nossa casa (dando socos), queria que acabasse com aquilo ali (com a Campanha da Mãe Peregrina). O meu pai ficava muito triste e chorava. Era duro pra ele! Mas, nunca deixou de fazer seu apostolado”. A atitude dos pais de respeito aos sacerdotes influenciava a vida dos filhos, por isso, não havia revolta. Ela explica: “Eram dificuldades que a gente tinha que passar porque elas faziam parte. Tem que saber receber o tapa. Nunca deixamos de ir à missa por causa dessas coisas. Nosso pai nos educou assim e pronto”.

A relação com os familiares e vizinhos

Conviver bem com os vizinhos e parentes é mais uma virtude dessa família. Nair diz que não havia problemas de relacionamento com eles, inclusive com os inquilinos que tinham em certo período. Nair conta que quando a madrasta de Dona Vitória, que sempre foi considerada como mãe, ia visitar a enteada, o Sr. Pozzobon “dava a cama dele para a sogra dormir com a minha mãe. Ou quando a mãe dele vinha. A mãe dele vinha pouco, porque morava longe, mas a sogra morava em Camobi e vinha sempre”.
João foi casado com Tereza Turcato, mas ficou viúvo cedo, com dois filhos pequenos. Ele então casou-se com Vitória Filipetto, com quem teve mais cinco filhos.

Hóspedes bem-vindos

Havia também uma tia que morava com a família Pozzobon. Nair conta: “Tinha a minha tia que morou com a gente. Essa minha tia ficou sem a mãe com uns 15 meses de vida. Então, foi a minha mãe que praticamente a criou. Quando a minha mãe se casou, a tia chorou e queria ir com sua irmã Vitória. Meu pai a levou para nossa casa e ela ajudou em casa, até se casar. Ela se casou com uns 32 anos. Meu pai também ajudava em casa, à noite, quando fechava o comércio, minha mãe ia para a cozinha fazer o jantar. Então, o pai ficava brincando conosco para nos distrair e a mãe poder trabalhar”.

Amor de Pai

A filha do Pozzobon lembra ainda, quando se casou, o pai ia constantemente visitá-la e saber como ela e seu esposo estavam. Quando Nair completou 45 anos de idade, o pai lhe escreveu uma carta, na qual ele narra detalhes de sua expectativa e alegria com o seu nascimento. Ela sabia que o pai a amava, pois, ele demonstrava isso. “Às vezes, em ocasiões como nosso aniversário, o pai nos escrevia uma cartinha e pedia desculpas se não era um bom pai”.
Os filhos Humberto e Nair
Visitar os pais com os filhos pequenos era uma festa: “A mãe não sabia o que fazer para alegrar a gente. Ela era muito amorosa com meus filhos e sempre achava que era cedo para a gente ir embora. Às vezes, quando a gente se despedia, a mãe chorava e dizia para ficarmos ainda mais um pouco”. Para concluir diz Nair: “Uma coisa que eu quero dizer, quando eu perdi o meu filho, tinha quase 19 anos e morreu, se não fosse a educação espiritual que o pai nos deu, a dor ia ser bem maior. Mas, como a gente tem fé, aprendeu a receber tudo o que vem, ajudou muito. Meu pai gostava muito de mim!” Fonte: Schoenstatt Brasil - schoenstatt.org.br