O desafio de meditar no meio do mundo
Flavia Ghelardi – No último artigo, falamos da importância que o Pe. Kentenich dava à meditação da vida diária como uma escola de amor, como a forma de nos encontramos com Deus em nosso dia a dia. Porém, sabemos que quando tentamos mudar o ritmo da nossa vida para dar lugar a uma dimensão mais contemplativa, encontramos inúmeras dificuldades para colocar na prática.Decidir meditar

Não desistir frente às dificuldades
Depois de entendermos a importância da meditação e nos decidirmos a realizá-la, podemos nos sentir desanimados ao nos darmos conta dos imensos desafios que se colocam em nosso caminho e querem nos impedir de olharmos para dentro de nós, para buscarmos Deus em nossa vida. Podemos ter algumas tentativas falhas de meditar, e então nos damos por vencidos. Pensamos que a meditação não é para nós…“Há quem pense que a oração meditativa está reservada para os sacerdotes e religiosos. Os leigos, mais ainda, os simples trabalhadores, não seriam capazes e nem estariam chamados a fazê-la. Todavia, este é um grande erro. Não somente há santos da vida diária atrás dos muros conventuais, não somente há santos que usam hábitos religiosos, mas também e principalmente em trajes seculares, em meio do emaranhado e das lutas da vida cotidiana. Eles são encontrados em todas as vocações e estados de vida.” (P. J. Kentenich)Meditar num mundo tão agitado como o nosso realmente é uma tarefa heroica e se não tivermos um método adequado e constância nessa atitude, contando com a ajuda do Espírito Santo, será praticamente impossível consegui-lo. O Pe. Kentenich dizia que uma das virtudes que ele mais admirava era a fidelidade. A fidelidade de recomeçar a cada queda, a cada fracasso. Então não devemos desanimar se não conseguirmos logo colocar a meditação em prática, mas sempre ter a coragem de tentar novamente.
Pedir auxílio ao Espírito Santo

Como meditar?
A prática da meditação da vida diária ensinada pelo Pe. Kentenich possui algumas etapas. A primeira etapa é a preparação. Existe a preparação remota, a preparação próxima e a preparação imediata. Depois vem o desenvolvimento da meditação, com o início, desenvolvimento e conclusão. Nos próximos artigos, explicaremos detalhadamente cada uma dessas etapas inclusive com exercícios práticos de meditação, porém, colocamos aqui um panorama geral, um resumo de como a meditação funciona: Escolher um horário do dia no qual realizará a meditação. Pode ser, no início, cerca de 10 a 15 minutos. Podemos começar fazendo uma vez por semana, e depois, gradativamente, aumentando a frequência. Escolhemos um lugar adequado, onde não seremos interrompidos. De preferência, com alguma cruz ou imagem que nos remeta à realidade sobrenatural. Fechar um pouco os olhos, respirar calmamente e nos colocar na presença de Deus, então fazemos uma oração implorando as luzes do Espírito Santo. Em seguida, escolher sobre o que se vai meditar. Se ainda somos iniciantes nessa prática, é mais fácil escolher uma passagem bíblica ou um trecho de uma oração. Depois, com a prática, pode ser um acontecimento da vida (uma situação concreta de nossa vida), que é efetivamente a meditação da vida diária proposta pelo Pe. Kentenich. O Pe. Kentenich propõe três perguntas que constituem uma excelente ajuda para desenvolver esse encontro com o Senhor:O que Deus quer me dizer com isso? (através desse texto ou desse fato ou circunstância) O que digo a mim mesmo? O que respondo a Deus?A pergunta mais importante é esta última. É nela que entramos na oração meditativa. Quando falamos de resposta, não significa necessariamente uma ação ou propósito, mas de uma resposta “de amor”, uma resposta do coração, falando pessoalmente com o Senhor. Expressamos nosso amor de gratidão, de arrependimento, de pedido. Terminamos a meditação com uma oração de ação de graças. É conveniente anotar em um caderno pessoal sobre o que meditamos e o que foi mais importante para nós na meditação. Além de agradecer ao Senhor e a Nossa Senhora pela meditação (ou pedir perdão se não a realizamos bem), as vezes podemos concluir com alguma intenção ou propósito que venha ao encontro do que meditamos. Assim, pouco a pouco, com a dedicação de alguns momentos por dia para meditar, vamos aumentando nosso amor e nossa vinculação ao nosso Pai do Céu que nos ama com amor infinito.